Show me the way to the next whiskey bar
Postado por MM às 23:06 Marcadores: delito de opinião, o tempo passa..., pensamentosTenho andado entretida numa actividade extremamente cansativa chamada nada e impossibilitada de actualizar o blog por outra chamada descansar. Uma SMS sobre Limpá Cabo Verde tirou-me da modorra e toca a dar uma volta na blogosfera cabo-verdiana que encontro entretida a distinguir a direita da esquerda ou será ao contrário?! Seria fácil dizer que esse debate não faz sentido dada a conversão universal ao capitalismo de mercado e seguir adiante trauteando a Demokransa hehe.
Mas os caminhos fáceis ou óbvios sempre me arrepiaram, algumas contradições deixaram-me perplexa e banzada a ausência da pergunta que fazia falta: é possível importar directamente para África o socialismo ou o comunismo ou o capitalismo ou o liberalismo? Não faltarão aí algumas condicionantes como tradições políticas e culturais, e a própria história económica e social? Sentidas desculpas àqueles que consideram a localização de Cabo Verde como uma casualidade geográfica infeliz hehe.
Essa é para mim a pergunta que faz falta. Mas, fala-se de esquerda e eu volto atrás no tempo como pede essa velha, velha, velha dicotomia política esquerda/direita (OK, dá-me para a música também…).
A afirmação referida pela MS do blog Retalhos era esta: "esquerda que sou (há no entanto quem me acuse de ser uma liberal empedernida no que toca a assuntos de economia)". Parece contraditório? Nem por isso mas vou completar, afinal Woody Allen disse: "Should I marry W.? Not if she won't tell me the other letters in her name." Pois deixa-me dizer as outras letras: esquerda socialista. Não leninista e daqueles que afirmam sem rebuço que o que desabou foi a interpretação do comunismo que foi posta em prática – mas afinal ninguém pregou melhor que Jesus e… os resultados estão há vista, em seu nome se queimaram livros e gente.
Esquerda socialista não leninista!? Isso não tem nada de espectacular! Pois não. Não tem nada de novo! Pois também não. Que queriam!!? A cisão leninista que se seguiu à revolução russa de 1917, originou o movimento socialista e é histórica (para não dizer fóssil) a diferença entre o socialismo socialista e o socialismo comunista, tanto no que respeita ao modo de transformação social como no modelo da sociedade socialista a erigir.
Remonta a tempos, em que eu ainda não passeava por este planeta, o abandono pelos partidos socialistas da ideia da economia socialista, baseada na socialização generalizada dos meios de produção enquanto sistema económico alternativo ao capitalismo – se não me falha a memória (e falha muito) o primeiro terá sido o SPD alemão, no congresso de Bad Godesberg (primo do Bob Geldof, ri-te Paaapoila, ainda te devo uma do Geldof hehe).
A queda do Muro de Berlim é um definitivo adeus Lenine (ao som de Pink Floyd) que não perturbou o socialismo democrático que sempre foi muito crítico do leninismo e do socialismo soviético. (Deu-me uma súbita vontade de reler “A Insustentável Leveza do Ser” pela enésima vez... será da Primavera de Praga?)
A nova declaração de princípios do PS francês (exemplo só porque é a coisa mais socialisticamente conservadora) não tem qualquer traço de socialismo económico, o que vale, hoje, é a economia ecologista e social de mercado. Globalmente falando não há (e há muito tempo) nenhum equívoco quanto a esse ponto. E, mais a mais, dizia um economista: Under capitalism, man exploits man. Under communism, it's just the opposite.
Deixando as divagações históricas. Sou esquerda socialista – não existe equivalência entre esquerda e socialismo – porque, continuo a acreditar nos direitos sociais, na inclusão social, na coesão social, na justiça social. Sou liberal porque liberal nos costumes e na economia; não empedernida (apesar das bocas) porque apesar de convertida à economia de mercado e à concorrência, apesar de reconhecer como irrecusáveis a disciplina monetária e financeira, o valor da segurança pública e a competitividade empresarial, fujo (sempre à última hora) do liberalismo radical seja na política fiscal, seja na política educativa ou de saúde, seja nas políticas afirmativas de igualdade…
Mas isto não é de esquerda nem de direita, apenas ditadura da lógica: sem bom desempenho económico e sem eficiência na gestão pública não há margem para políticas sociais de esquerda… por mera falta de dinheiro que não de vontade. Mero senso comum: para distribuir é preciso ter.
Pausa para aviso: não sou intelectual, sou simples, simplista e simplória. Mera consequência de uma juventude estouvada, dos neurónios só me ficaram o Tico e o Teco. Lembrem-se: é apenas a minha opinião, não se destina a mudar a de ninguém... e não me levo muito a sério porque a vida definitivamente não me leva a sério.
Continuando. Li há bem poucos meses uma entrevista de Slavenka Draculic, jornalista e escritora croata, ao “Público”, a propósito do seu livro “Não faziam mal a uma mosca” cujo final me faz doer a alma. “Para que foi tudo aquilo?” Destrutiva a resposta: “para nada.”
Nessa entrevista diz: "O socialismo falhou porque foi implantado em países demasiado atrasados. Como me disse uma vez Kenneth Galbraith, se o comunismo tivesse nascido na Suécia teria sido completamente diferente."(O Kenneth Galbraith é o da citação Under capitalism...)
E diz mais: “Com a excepção da Checoslováquia, nenhum destes países tinha tradição liberal. Passaram directamente do feudalismo para o socialismo.”
E estamos de volta à pergunta: como encaixar construções históricas que não nasceram do acaso – foram doídas e sofridas – em África ou neste nosso país?
Qualquer resposta levar-me-ia a Amílcar Cabral… mas deixa para lá.
Antes que a Papoila tenha um ataque e diga que não aguenta mais posts sérios e que a Fau tenha de me proteger dos protestos comunistas da Isabel (pois Tété que saudades de uma madrugada regada com um capitalista Gordon`s e água tónica shewpss num terraço com vista para o Tejo discutindo política pelo prazer das palavras) termino e para terminar bem:
Swimming in a fish bowl, Year after year, Running over the same old ground.
What have we found? The same old fears.
Dia da Criança Africana
Postado por MM às 23:06 Marcadores: África, Cabo Verde, Coisas que me preocupam16 de Junho de 1976. No Soweto, arredores de Johanesburgo, desencadeiam-se manifestações juvenis de protesto contra a imposição nas salas de aula do idioma africâner. Este idioma era, na época, a língua materna dos sul-africanos brancos... Um acto de coragem em pleno Apartheid. Violenta a resposta dos responáveis sul-africanos; um massacre em que as principais vítimas foram crianças.
Em 1991 a Organização de Unidade Africana (OUA) em Addis-Abeba, Etiópia, institucionalizou o dia 16 de Junho como o Dia da Criança Africana.
Neste 16 de Junho de 2008, o meu filho disse-me que as crianças africanas têm dois dias mas não é suficiente pois sofrem mais que as outras. O "porquê" que se seguiu à afirmação que eu não pude desmentir contêm uma acusação implícita que partilho com todos os que tal como eu fazem parte dum mundo adulto mas que não tem respostas.
Mais de um milhão de crianças moçambicanas estão afectadas directa ou indirectamente pela SIDA. Em Angola apesar do fim da guerra civil que durou 27 anos, o país tem ainda a terceira pior taxa de mortalidade infantil do mundo e quase um terço das crianças estão mal nutridas. Na Libéria, mais de meio milhão de crianças perderam vários anos de escolarização devido ao conflito que durou 15 anos, mais de 40.000 crianças-soldados foram desarmadas após o conflito, mas escasseiam os fundos para a sua reintegração efectiva na sociedade. No Burundi, a má nutrição entre as crianças mantém-se acima dos 50 por cento e apenas metade está matriculada nas escolas. No Darfur, onde desde janeiro mais de 250 mil pessoas foram forçadas a abandonar os seus lares, mais de 1,8 milhão de crianças têm dificuldades para sobreviver e um terço das violações atinge crianças.
Por cá também temos muito ainda que trabalhar, começando por uma paternidade e maternidade responsáveis. Muito a fazer pelas nossas crianças...
Neste diálogo com o blog Retalhos gostei imenso da resposta da MS. Lúcida e provocadora. Gostei porque me fez pensar. Acho esta tertúlia óptima e refrescante. Faz falta debater assim…
Olá MS:
Desculpa a demora na resposta, a última semana foi especialmente trabalhosa e já devia umas horas à cama. Paguei a dívida com juros este fim-de-semana e aproveitei para fazer um adiantamento.
Sou Balança, acho que dá para notar que não gosto de extremos mas sim de equilíbrios.
Começamos por concordar. Parecemos mesmo duas advogadas a prevenir um possível caso! Hehe!
Questão prévia: As portagens têm por base o princípio utilizador/pagador (interessante como este princípio se afirmou na área ambiental e se estendeu a toda a economia) mas o princípio não se esgota nas portagens – em Portugal debateu-se muito esta questão por causa das SCUTs e agora por causa do sistema de saúde e a proposta de fazer reflectir nas taxas moderadoras o custo real do serviço.
A forma encontrada para operacionalizar a taxa, em conjunto com a factura do combustível, presta-se a confusões, acrescidas pelo contexto em que nos encontramos, mas acho que é um claro mais-usas-mais-pagas.
Claro que a taxa acaba por ter efeitos colaterais – detesto esta palavra desde a 1ª Guerra no Iraque – que não me desgostam e que têm a ver com toda a parte ambiental que me leva a encontrar na subida dos combustíveis um ponto positivo. Mas não é ela que agrava os custos, aqui nota que estradas bem conservadas significam menores custos de funcionamento, com a manutenção e também menos gastos de combustível.
Julgo que o imposto de circulação foi municipalizado e que é uma receita dos municípios os quais têm a cargo as estradas municipais. Se isso foi bom ou mau e, mais pertinente ainda, se as receitas desse imposto são efectivamente utilizadas pelos municípios para a conservação das estradas já é outro "pormaior".
Outro pormaior na minha opinião é que o nosso orçamento tem ajuda externa ou seja reduzindo a questão à simplicidade básica – esquecendo portanto que a ajuda orçamental tem regras apertadas - não podemos esperar conservar as nossas estradas com os impostos que cidadãos de outros países pagam.
Uma questão: não achas que a aquisição de carros de luxo que gastam muito devia ser penalizada a exemplo do que se passa na UE?
Mobilidade e empregabilidade: Humhum. Efectivamente não é só a AP, falta um pouco de empreendedorismo no privado além da tal da produtividade que tanto se fala.
O teu exemplo é óptimo! Outro que me diverte: os condomínios que ninguém quer pagar!! Os carrões grandes de mais para as nossas estradas que além de ridículos bebem o que bebem…
Deixa-me pôr mais uma acha na fogueira: a falta de responsabilização de quem estraga o que é de todos stressa-me. Aqui também o estraga/paga faz falta. Quantas vezes não deparamos com obras selvagens em que se arranca empedrado e não se volta a recolocá-lo (era o mínimo, não?).
Das verbas, acho que o teu palpite está certo, não fui confirmar mas bate certo com a intenção da introdução da taxa.
Excedente na Administração Pública – Ahah! OK, um dia vamos pensar em conjunto, inventar uma solução e vendê-la! O Bill Gates que se cuide…
A despropósito: aqui há uns tempos ouvi uma ministra dinamarquesa comentar que acha muito difícil outros países conseguirem implementar, do pé para a mão, o sistema dinamarquês em termos de flexibilização e segurança no trabalho - é um autêntico must - pois foi algo construído ao longo de décadas e está perfeitamente interiorizado pela sociedade dinarmarquesa.
Política eleitoralista e aumento do IVA – A verdade é que o Governo, diminuindo o IVA ou o ICE abdica de receitas, naturalmente que podem ser compensadas se os combustíveis continuarem a aumentar, mas parece-me que o faz da perspectiva responsável de que o pode fazer pois tem o deficit – ó bicho horroroso – sob controle sem que na eventualidade de menores receitas fiscais, haja diminuição de disponibilidades financeiras para o investimento público e para as despesas sociais.
Achei a decisão da taxa corajosa; o Governo podia ter feito como a avestruz ignorar que temos pela frente decisões difíceis e adiar sine die a taxa ou procurar conquistar simpatia popular com uma baixa na carga fiscal sobre os combustíveis.
Reagi a alguma reacções que considerei (é apenas uma opinião e não faço opiniões hehe) demagogas e imediatistas por não reflectiram, nem um pouco, no cenário mundial nem nas consequências que podemos ter de enfrentar seja por força desse cenário seja por força de um descontrolo orçamental.
Prescindir sem mais das receitas fiscais do combustível (tens razão são altas mas ainda não estou convencida dos 50%, talvez pela pouca apetência para contas hehe) num país onde a economia é predominantemente informal? Porque tens razão é a classe media que paga o pato. Não vale a pena teorizar muito, todos sabemos que quem paga impostos não é quem tem os mais altos rendimentos porque têm fluxos financeiros protegidos por complexas participações societárias e eficiente planeamento fiscal. Também não são os que vivem da economia informal porque não declaram. E se calhar metade dos contribuintes não paga IUR por ganhar muito pouco… Ficamos nós. Acho que a solução não é deixar de pagar. Costumo dizer que pago muito e por isso gosto de saber para onde vai o dinheiro. Os estados modernos do Norte da Europa, que cobram taxas de impostos mais elevadas, são os mais eficientes na aplicação dos seus recursos económicos. Será que é por causa de um maior controlo? Porque aqui continuamos de acordo, acho que muito foi feito, mas ainda há muito por fazer na questão dos gastos públicos e do investimento público.
Por outro lado, acho que é socialmente justo dar benefícios aos mais afectados pelo aumento brutal dos combustíveis e pela crise dos cereais, que ainda não nos afectou de forma tão brutal como em outros países, como foi feito com o aumento das pensões de sobrevivência.
No remate: acho que o Governo não tem o mínimo marketing de comunicação e não é por nos considerar ignorantes. Acho que é falta de sensibilidade e um erro tremendo. Dou um exemplo, parece que houve saldo positivo no deficit no 1º trimestre. Qualquer Governo minimamente vocacionado para o marketing cantava loas durante dias – se fosse o Sócrates seriam meses a fazer render o mesmo peixe. Ouviste alguma coisa? Poisssss!
PS: Não revi por isso desculpa os erros hehe. Boa semana!
A pedido tentei encontrar o discurso do Obama no mesmo formato da Clinton (com transcrição) ; não encontrei, o que não quer dizer que não exista (o tempo tem sido pouco para navegar) mas no site de Obama estão vários discursos em vídeo e transcrevo o comentário ao endorsement da Clinton:
“Senator Clinton made history over the past 16 months — not just because she has broken barriers, but because she has inspired millions of Americans with her strength, her courage, and her commitment to causes like universal health care that make a difference in the lives of hardworking Americans.”
Em troca dum comentário no blog Retalhos recebi uma devolução (o produto ainda estava por utilizar e por isso aceitei hehe) em tom de desafio. Aceitei com gosto. Alerto que não sou especialista em engenharia financeira por isso não é uma resposta técnica mas baseada naquilo que fui observando e aprendendo ao longo da vida. De qualquer maneira a Arca de Noé foi construída por amadores; profissionais construíram o Titanic... hehe!
Tentei estruturar o meu próprio pensamento. Espero comentários críticos e mesmo mordazes… são um meio de aperfeiçoar e evoluir. Peço desculpa pelo estilo quase telegráfico em algumas situações.
Questão prévia: a taxa afecta-me mas vai de encontro a perspectivas que defendo, entre elas: (i) o princípio utilizador pagador (mais usas_mais pagas) deve ser aplicado sempre que possível; a boa gestão do interesse público exige a sua administração mais racional do ponto de vista económico, cobrando pela manutenção o correspondente ao valor proporcionado pelo que a finalidade da sua fixação é a repartição pelos utentes do custo dos serviços prestados (ii) falhamos muito na manutenção; criamos, usamos mas não mantemos, o que acaba por nos custar muito caro; é preciso conservar e neste aspecto espero que por um lado a taxa garanta a auto-sustentabilidade dessa manutenção e por outro que aumente os níveis de exigência do utente em relação à manutenção e conservação das estradas (iii) temos de nos habituar a viver num mundo de combustíveis caros, é caso para lembrar que não há países grátis, e preciso dizer que a estimativa mundial de combustíveis mal utilizados é elevada, logo é necessária uma utilização ponderada e contra mim falo, pois confesso que para me deslocar ao café que fica a 5 minutos de distância vou de carro. Com a taxa terei (espero que o bolso faça aquilo que a consciência ambiental não fez) de ponderar os meus usos, o lado bom dos preços altos é justamente a baixa do consumo e (iii) a necessidade de redução imediata dos nossos níveis de dependência dos combustíveis fósseis como questão de sobrevivência.
Mobilidade e empregabilidade – a mobilidade, de pessoas e de bens, é fundamental para a empregabilidade por dois motivos na minha opinião. Sumariamente e sem prejuízo de post dedicado ao tema: Permite que as empresas se fixem de forma descentralizada e que os trabalhadores se desloquem na sua procura de trabalho. Uma das condições que qualquer empresa do sector produtivo equaciona antes de se instalar é a distribuição dos produtos e os custos dessa distribuição. Se não tem forma de os escoar prefere outra localização. Tenho para mim, por exemplo, que a barragem do Poilão e a recuperação das bacias hidrográficas pode possibilitar a essas zonas uma nova capacidade de exploração agrícola, fundamental é (será) a capacidade de escoamento (dentro e inter-ilhas mas a questão inter-ilhas fica para depois). Não resisto a este reparo: neste momento as Nações Unidas falam na necessidade de auto-sustentabilidade alimentar e de África recuperar a sua agricultura, a aposta governativa, desde 2001, na rega gota a gota e na recuperação das bacias hidrográficas parece agora acertada ou não?!
É obvio que a circular tem de ter manutenção, a taxa não é para construção mas para manutenção e reparação. Importa também lembrar que não são só as estradas alcatroadas que precisam de conservação. A manutenção das estradas calcetadas tem custos e seria interessante comparar esses custos.
Excedente na Administração Pública – temos uma administração pública mal preparada e pouco receptiva às reformas que têm sido introduzidas no sector. Temos excedente de pessoas mal qualificadas com a agravante de se tratar de pessoas que não se encontram nem perto da reforma e que dificilmente têm encaixe no privado– nota que aqui é uma opinião baseada em observação, sem factos que a sustentem – pouco produtivas e que consideram os meios que lhes são postos à disposição como pessoais (costumo dizer que a minha formação como profissional liberal me deu ao menos a possibilidade de valorizar um clip e saber que custa dinheiro). Por outro lado os baixos ordenados da Administração Pública não permitem competir com o privado na contratação de jovens e bem preparados técnicos que muita falta fazem para uma efectiva mudança comportamental na AP.
Que fazer? Não gostaria de estar na pelo dos responsáveis. Cabo Verde tem conseguido controlar a questão orçamental, evitar despesismos e recuperar credibilidade – não tenhamos ilusões, o financiamento internacional acaba no momento em que o deficit disparar – mas terá mais cedo ou mais tarde que tomar medidas no que se refere aos funcionários públicos. Como fazê-lo sem que as indemnizações a pagar não desequilibrem o orçamento? Sem que haja convulsão social? Mesmo que soubesse a resposta não a daria… vale muito dinheiro essa eventual solução hehehe é tipo descobrir a pólvora.
Estamos pois de acordo quanto ao problema: não é possível uma empresa pública como a TACV ter (segundo o fládu flá mas não confirmei) mais de 800 trabalhadores, não é possível a TCV ter o volume de salários que tem e nós termos a televisão que temos. E, por aí adiante. É necessário responsabilizar e não ter medo que essa responsabilização traga as costumeiras acusações de perseguição política.
É-me difícil, como esquerda que sou (há no entanto quem me acuse de ser uma liberal empedernida no que toca a assuntos de economia) defender a liberalização dos despedimentos principalmente quando a alguns – que agora despudoradamente chamo excedente – muito foi pedido no momento em que este país poucos quadros tinha, mas, se nos legaram um país julgo que temos que legar um país melhor aos nossos netos (Estive bem aqui, não Zau?).
Política eleitoralista e aumento do IVA – Nesta coincidência de crises, financeira, alimentar, petrolífera e económica parece-me que é difícil governar. As decisões a tomar são – e temos visto noutros países – necessariamente difíceis e julgo que não se pode cair em facilitismos. Julgo que teria sido muito mais fácil não lançar a taxa, apesar dela ser necessária. Teria sido fácil e possivelmente a conjuntura dos preços oferecia a desculpa ideal para fugir com o rabo à seringa e não desagradar à classe média alta (não tenhamos ilusões, é esta a classe afectada). Cínica como sou, vejo muitas ingenuidades neste Governo além de um deficit de comunicação. È preciso explicar o porquê da taxa e a quem ela afecta para não permitir as afirmações demagógicas de que ela afecta os mais pobres. O preço dos passes sociais é regulado, ou não?
José Maria Neves governa no pior dos mundos: travagem nos rendimentos e aceleração dos preços. Para ajudar à festa, a inflação importada dos factores de produção e dos alimentos pode contribuir para o abrandamento económico, através da subida dos custos de produção e da diminuição dum consumo ainda imberbe. Julgo que agiu bem quando há algum tempo atrás reforçou a pensão de sobrevivência pois são as classes mais vulneráveis que importa proteger.
A eventual baixa do IVA tem para mim duas virtualidades: (i) é uma opção responsável, na medida em que, ao prescindir das receitas do, o Governo torna mais exigente e menos confortável a sua tarefa de redução do défice público, obrigando-se a maior focagem na contenção das despesas – o que é indispensável se quer manter a performance que tem levado ao reconhecimento internacional mas lá diz o provérbio que santo da casa não faz milagres – e, (ii) na minha humilde perspectiva concordo com os especialistas que consideram errado defender a manutenção da actual carga tributária sobre os combustíveis em nome da não intervenção do Estado nos preços e no mercado, pois se o Estado indirectamente faz elevar o preço do combustível através dum imposto específico, acho normal que, reduza esse imposto para aliviar o preço, numa época de aumento acelerado do custo de produto – tenho aqui que balançar a minha convicção ambientalista de que o que importa neste momento é desenvolver mais aceleradamente e de uma vez por todas uma política energética nacional baseada em energias renováveis, mesmo que o preço a pagar para conseguir esta aceleração esteja na pressão dos preços dos produtos petrolíferos, não é fácil esta conjugação por isso não me admira a rapidez com que alguns ministros ganham cabelos brancos hehe, mas senhores(as) é nas alturas difíceis que se vê a fibra das pessoas hehe.
Quanto à carga fiscal sobre os combustíveis e o preço dos mesmos, parece-me que não fica nem perto dos tais 50% - e em Portugal, apesar do diz que disse não fica perto desse valor!! O preço decorre do factor mais evidente: a cotação do barril de crude nos mercados internacionais. Mas depois temos os custos de transformação do petróleo, que após a entrada nas refinarias dá origem aos vários produtos (gasóleo, gasolina, jet fuel , entre outros), e claro é aplicada uma margem de lucro (nada baixa) por parte da petrolífera. Antigamente o custo à saída da refinaria seguia a cotação da Bolsa de Roterdão, agora confesso que não tenho dado atenção a isso. Depois há que somar os custos de transporte do combustível, naturalmente variáveis e temos de contar com os encargos com a armazenagem e a distribuição, no nosso caso bem caros por simples efeito da descontinuidade territorial, bem como a margem de comercialização das distribuidoras. Ao preço final junta-se, por último, os encargos fiscais. Não tenho neste momento a certeza das taxas de incidência com excepção do IVA que é de 15% por isso não vou afirmar taxativamente que não se trata de 50%. O post já vai demasiado longo e não cabe tudo aqui mas acho que seria interessante compararmos os nossos preços com os de diversos países do mundo, antes e depois dos impostos.
Acha que tornar eficientes os serviços, dar melhor uso às receitas de imposto, estabelecer prioridades são medidas eleitoralistas? – essa frase parece saída do Programa do Governo. Calma, nada de stress é isso que está lá. Ora, parece-me que o problema do nosso país é o número de prioridades que infelizmente são mesmo prioridades. É prioritário aumentar os níveis de protecção social, é prioritário criar emprego, é prioritário criar as infra-estruturas que permitam a criação de emprego, é prioritário diminuir a nossa vulnerabilidade energética, é prioritário… e o nosso OE não é o do Katar e estamos sujeitos às disponibilidades externas para financiamento e respectivos timings, ou seja, não se trata só de pensar e fazer, mais importante é conseguir a disponibilidade financeira para o fazer, e, mais importante ainda saber puxar o lençol para cobrir a cabeça sem que ele destape completamente os pés quando o lençol nem chega para tapar os tais dos pés. Este país é um milagre diário. Desgosta-me quando não nos orgulhamos disso.
As reformas não são coisas instantâneas e não se fazem por decreto. É preciso dar tempo. Se as estratégias que têm sido seguidas são as correctas ou se é possível fazer de outra forma são perguntas pertinentes. Por isso espero que o debate continue…
Um homem que nunca muda de opinião, em vez de demonstrar a qualidade da sua opinião demonstra a pouca qualidade da sua mente.
Terá sido no fim que Hillary se encontrou consigo própria e mostrou do que é capaz? Grande Mulher!
Que grande este discurso de encerramento da campanha da Senadora Clinton; uma peça memorável para reflexão e estudo! E porque não saborear?
Vale mesmo a pena. São cerca de 30 minutos com transcrição ao lado do ecrã que vai avançando à medida que ela fala; e na coluna da direita estão ligações para os diversos temas do discurso.
VER AQUI
Estas últimas duas semanas têm sido pródigas em afirmações que apetece comentar; confesso que fiz um esforço para ignorar (afinal há quem considere que os abstencionistas militantes não tem direito à opinião!) mas a carne é fraca e cá vai:
Taxas e impostos: Análises rápidas e sui generis brotam por aí (gostei daquela do imposto de circulação, o tal que é municipalizado). A rapidez que se afirma este tributo como imposto espanta-me. Afinal é matéria complexa que em países com menos complexos têm provocado inúmeros pronunciamentos dos tribunais constitucionais, pronunciamentos considerados normais e desejáveis pois são eles que norteiam a própria actividade legislativa - o regime de taxas autárquicas português teve a possibilidade de beber directamente duma decisão do Tribunal constitucional português, isso é bom! Por isso é que somos um Estado Constitucional.
O direito não é preto ou branco. As teorias sobre taxas e impostos são mais do que muitas e têm sofrido uma constante evolução.
Na verdade... olha deixa para lá! Afinal o que vale mesmo é ter opinião e prontos. Já agora fica também a minha opinião: não é um imposto!
O Governo perdeu as eleições e tem de se demitir: a princípio fiquei confusa, as eleições eram autárquicas ou legislativas? Vou à CNE e afinal são mesmo autárquicas. Ora mesmo somos um Estado de Direito Democrático e a Constituição prevê três eleições – presidenciais, autárquicas e legislativas - exactamente porque cada uma tem características muito próprias e… olha, deixa para lá. Também nunca percebi essa coisa de três eleições. Onde é que a malta estava com a cabeça? O melhor mesmo é uma única eleição, poupa-se muito dinheiro, energia e promessas…ah e euforias também.
Apelos às armas e aos golpes de Estado– não é novidade nesta nossa África a mania de tomar o poder pela força das armas, foi em nome da democracia e da liberdade de expressão que se deram vários golpes de estado. A estabilidade política, social e económica têm sido os trunfos de Cabo Verde… olha, deixa para lá: Golpe de Estado já e MM a presidente, a PM, a deputada e a presidente de câmara lol – aviso desde já que sou liberal, acredito na economia de mercado e na livre concorrência por isso adeus subsídios.
Recente crise do petróleo e alimentos pode afectar-nos – Recente? Afinal já andam nas bocas dos mais inadvertidos e distraídos desde 2007, antecedidos pelos alertas dos especialistas… Afecta-nos? Caramba este país importa o papel higiénico que consome! As variações dos preços nos mercados internacionais têm por isso que… olha deixa para lá; manda-se recado ao mundo que a gente não vai nisso; ou nos vendem ao preço antigo ou a gente invade… (se os USA podem invadir o Iraque para garantir o abastecimento de petróleo porque não podemos nós?? É mandar lá a malta aguerrida do golpe de Estado...)
Lamento, mas há coisas que não consigo levar a sério.
A verdade é que é mesmo assim. Nestas alturas esquecemos (estou a assumir a costela) e o entusiasmo costuma ultrapassar a racionalidade.
Yesssssssssssssssss. E sim! Porque é negro. Obama!
Chamem-lhe complexo, preconceito, o que quiserem.
Yes we can! Em Fevereiro postava que "Faith is taking the first step, even when you don't see the whole staircase!"
Esta noite embora Clinton ainda não tenha desistido (mulher de fibra esta!)
e tenha adiado as decisões para amanhã é quase certo que Obama vai conseguir a nomeação como candidato do Partido Democrata.
O último degrau ainda está longe mas foi histórica esta subida... aquilo que era impensável o ano passado aconteceu. Obama está prestes a conseguir a nomeação frente a Clinton.
Agora?! Agora a escada é ainda mais íngreme, mas...
Yes I`m sure he gona go for it...
P.S. Sim, eu sei: África está cheia de presidentes negros e é o que se vê!!!
Está espectacular. Clinton parece decidida a não deixar fechar o caixão... mas Obama parece disposto a fechar a coisa esta semana.
Encontrada aqui
E se a Bíblia tivesse sido escrita por uma mulher?
Postado por MM às 14:34 Marcadores: livros, publicidadeAinda não li mas espero pôr as mãos neste livro "A Mulher que escreveu a Bíblia" de Moacyr Scliar, um dos escritores brasileiros mais conhecidos da actualidade.
A sinopse desperta curiosidade: "a personagem principal, a mais feia das setecentas esposas de Salomão, que providencialmente era a única que sabia ler e escrever, irá ter a função de fazer aquilo que uma legião de escribas não conseguiu: escrever a história da humanidade e do povo judeu, a Bíblia".
É um livro de 1999 mas tomei conhecimento dele através dum spot especialmente criado para a sua divulgação na Internet, pela editora Livros de Seda, uma estratégia de venda de livros que me parece inédita nas editoras portuguesas. Fica o spot.