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Dia de África - Rise up África

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25 de Maio. Dia de África! Num momento em que as más notícias nos chegam de vários lados - a retirada das NU no Sudão, o ataque à UNAMID (United Nations-African Union peacekeeping mission in Darfur) a violência xenófaba na África do Sul - importa destacar a luta que todos os dias se trava pela sobrevivência e por melhores condições de vida neste continente. E, teimosamente continuamos de pé neste desafio aos deuses e aos homens.
Exemplos positivos desta luta diária chegam-nos todos os dias. Exemplos de africanos empreendedores e sonhadores dispostos a ajudar as suas comunidades são imensos. Com criatividade para encontrar soluções que melhoram a vida das pessoas. Exemplos como o de Simon Mwacharo um autodidacta que desenvolveu sistemas simples de energia eólica. As turbinas desenvolvidas por Mwacharo são feitas básicamente de materiais locais por engenheiros locais e são mais baratas que as importadas. Ou a história contada também aqui de William Kamkwamba, um jovem do Malawi que inventou e construiu, quando tinha pouco mais de 14 anos, um gerador eólico com lixo e madeira.
Exemplos entre milhões de outros que me dão a certeza que um dia quando soubermos... África rise up!!

Para lembrar. E, porque se fala de "Claridade"!

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Há poemas que retratam e também fazem a alma de um povo. Um dos meus favoritos de Ovídio Martins, poeta cabo-verdiano.

FLAGELADOS DO VENTO LESTE

Nós somos os flagelados do Vento-Leste!

A nosso favor
não houve campanhas de solidariedade
não se abriram os lares para nos abrigar
e não houve braços estendidos fraternamente para nós

Somos os flagelados do Vento-Leste!

O mar transmitiu-nos a sua perseverança
Aprendemos com o vento o bailar na desgraça
As cabras ensinaram-nos a comer pedras para não perecermos

Somos os flagelados do Vento-Leste!

Morremos e ressuscitamos todos os anos
para desespero dos que nos impedem a caminhada
Teimosamente continuamos de pé
num desafio aos deuses e aos homens

E as estiagens já não nos metem medo
porque descobrimos a origem das coisas
(quando pudermos!...)

Somos os flagelados do Vento-Leste!

Os homens esqueceram-se de nos chamar irmãos
E as vozes solidárias que temos sempre escutado
São apenas
as vozes do mar
que nos salgou o sangue
as vozes do vento
que nos entranhou o ritmo do equilíbrio
e as vozes das nossas montanhas
estranha e silenciosamente musicais

Nós somos os flagelados do Vento-Leste!