Justiça e posts

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Neste blog raramente se fala de Justiça. Esta ausência quebrada quase exclusivamente por alguns “desabafos” enviesados sempre pareceu estranha a alguns leitores do blog que conhecem a minha paixão pelo Direito .
Nada de estranho. Aconteceu naturalmente.
Não por alergia, não por medo de assumir ideias e convicções, não pelo politicamente correcto, mas apenas como consequência do distanciamento que às vezes é necessário manter para que a paixão não se torne exclusiva.
Além disso o Con(ou sem)tigo nasceu para meia dúzia de amigos – as minhas amarras – quebrando o longe e a distância e assumindo-se como uma mera pausa para café ou chocolate. Bloggar sem compromissos num tempo em que bloggar era isso mesmo e nada mais que isso.
Postar sobre aquilo que é profissão, paixão e vida dá trabalho… exige uma reflexão que nem sempre se compadece com os minutos que em final de noite se usam navegando e escrevendo sem compromissos, sem que haja algo a dizer, escrevendo apenas para descomprimir.
Hoje em tom provocador um amigo – da onça hehe - desafiou-me a postar sobre Justiça.
Acontece que, para mim, Justiça mais do que um ideário é "aquilo" que se atinge quando a solução de um diferendo (seja pelo sistema judicial seja por um sistema alternativo) é sentido pelo cidadão comum, conhecedor dos factos e reflectindo com boa fé, como a solução certa.
Ou seja não me interessam os conceptualismos inúteis e estáticos pois não é no papel mas na vivência do Direito, na solução dos casos concretos, de gente de carne e osso que se reflecte, ou não, a Justiça. Justiça à maneira de Camus. A Justiça dos justos, uma justiça que seja materialidade, realidade visível e, por isso, justiça ligada ao cidadão.
Posto isto e por isto, inevitavelmente não postarei sobre Justiça mas talvez vá saindo um ou outro post sobre Direito o tal que “tem de se naturalizar primeiramente cidadão da república da Ética, se quiser conseguir aquele mínimo de validade e eficácia que lhe são necessárias para poder socialmente cumprir a sua missão”.

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