Tengo fe en Chile y en su destino

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Morreu a 10 de Dezembro, Augusto Pinochet. General reformado do Exército, senador vitalício chileno e presidente do Chile de 1973 a 1990.
Chefiou a junta militar que em 11 de Setembro de 1973 depôs e matou o presidente Allende bombardeando o palácio presidencial. Allende, senador pelo Partido Socialista do Chile, foi o primeiro marxista assumido eleito, democraticamente, presidente da república na América Latina, a 4 de Novembro de 1970
A chamada "via chilena para o socialismo" de Allende pretendia uma sociedade mais justa. Nacionaliza os bancos, as minas de cobre e algumas grandes empresas o que gerou, como não podia deixar de ser, oposição da direita chilena, e mais inevitável ainda a falta de união da esquerda e enfrenta pressões políticas norte-americanas, resumindo o costume. Com o apoio dos Estados Unidos, as Forças Armadas, chefiadas pelo Augusto Pinochet, dão um sangrento golpe de Estado que derruba o governo.
Allende morreu quando as forças armadasatacaram o Palácio de La Moneda. Há duas versões aceitas sobre a morte de Allende, uma é que ele se suicidou, cercado por tropas do Exército com a arma que lhe foi dada por Fidel Castro, a outra versão é que ele foi assassinado pelas tropas invasoras; a sua sobrinha Isabel Allende (escritora que aprecio, A Casa dos Espíritos, Plano Infinito, Eva Luna são alguns livros que recordo) é uma das que acredita que no assassínio.
Durante os 17 anos da ditadura militar, Pinochet reprimiu a antiga coligação União Popular, ligada a Allende e ao partido Socialista, perseguindo e torturando os seus apoiantes. Em 1973, na sequência do golpe, aproximadamente 70 pessoas foram vítimas da Caravana da Morte, nome dado a esta acção planeada para exterminar presos políticos.
Falar de Pinochet, é inevitavelmente falar de Allende, um dos meus heróis, o que também pode significar que nada há para dizer de Pinochet, a não ser que já foi tarde.
A propósito da morte deste ditador tenho lido algumas referências sobre “presunção de inocência” e de o dito cujo não ter sido julgado! Preocupa-me a ficção jurídica, invocar presunção de inocência a respeito de Pinochet ultrapassa o mundo real e também a noção do bem e do mal
Relembrando as palavras de um colega, ACC, o princípio da presunção de inocência, parece-me muito simples, apenas que ninguém será condenado sem previamente lhe ser indicado aquilo de que é acusado, quais os factos em que se funda essa acusação e sem lhe ser dada a oportunidade de se defender num julgamento justo, onde ninguém o força (pela tortura, nomeadamente) a confessar e onde o ónus da prova recai sobre a acusação.
Só isto. Não diz que um bandido é um homem de bem até ser condenado
É uma questão de ética. Não é uma questão jurídica. Mas deixo a área jurídica e as suas dissenções com a realidade quotidiana para outra altura.
Voltando a Pinochet, enfrentou uma dezena de processos judiciais. Em cada um deles os juizes tiveram que obter o levantamento da imunidade de que gozava graças à sua condição de ex-chefe de Estado, além de terem de provarem que se encontrava em condições de saúde para poder enfrentar os processos. Preso em Inglaterra, em 1998, em cumprimento de um mandato de e apreensão internacionais, com a finalidade de extradição, expedido pelo célebre (também por isso) juiz espanhol Baltasar Garzón é acusado por crimes de genocídio, terrorismo e tortura, com base em denúncias de familiares de espanhóis desaparecidos no Chile durante seu governo.
Foi libertado por razões médicas!!! O governo britânico, alegou razões de saúde, para recusar a extradição para a Espanha e Pinochet voltou ao Chile em 2000. Em Julho de 2001, apresentou um atestado de debilidade mental e até à data da sua morte não foi julgado!!!! Mas esteve em prisão domiciliária - consegui escrever isto sem rir.

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